Você também é daquelas pessoas que passam o tempo preocupado por ter que escrever um relatório, um comunicado, uma carta, mas nunca se sentam para escrever, vivem arranjando uma ou outra desculpa para adiar a tarefa mais um dia, mais uma semana, como se tivesse que enfrentar um bicho-de-sete-cabeças? Então vamos rever alguns conceitos!
A escrita é, antes de tudo, uma forma de expressão!
1. Pense primeiramente no que significa escrever. Qualquer que seja o texto que você esteja escrevendo, ele precisa fazer sentido para você e para o leitor. Ele vai comunicar o que você está pensando, por isso deve ser escrito com objetividade e coerência, de modo que o destinatário receba a informação exatamente do jeito que pretendeu passar.
Em função do sentido é que você vai se preocupar com a forma. Porque sempre há um jeito preciso para transmitir uma determinada idéia em um determinado momento, assim como há palavras apropriadas para estabelecer a ligação entre as idéias, fazendo o texto fluir com clareza.
Quanto mais atenção você der a seu texto, quanto mais tempo tiver para trabalhar suas idéias, melhor será o resultado do seu processo de escrita. E quanto mais você escrever, mais prazer vai ter em escrever.
Em função do sentido é que você vai se preocupar com a forma. Porque sempre há um jeito preciso para transmitir uma determinada idéia em um determinado momento, assim como há palavras apropriadas para estabelecer a ligação entre as idéias, fazendo o texto fluir com clareza.
Quanto mais atenção você der a seu texto, quanto mais tempo tiver para trabalhar suas idéias, melhor será o resultado do seu processo de escrita. E quanto mais você escrever, mais prazer vai ter em escrever.
2. Comunique-se por escrito com naturalidade. Quando você está ao lado de pessoas conhecidas, certamente se expressa com naturalidade, sem se preocupar em recorrer a um vocabulário que não domina, ou em construir frases invertidas, cheias de figuras de linguagem ou construções que lembram autores do início do século 18. Na comunicação oral, você se expressa com naturalidade, encadeando as frases umas às outras, procurando ser coerente ao expor suas idéias.
Assim também deve agir quando escreve. A única diferença é que você não tem à sua frente o destinatário da sua mensagem, não pode perceber de imediato se ele está ou não compreendendo o que você diz. Logo, o que você precisa na hora de escrever é construir seu texto de tal maneira que quem o leia possa compreender com facilidade o que você quis transmitir. E é claro que, se você é uma pessoa cuidadosa com a sua linguagem oral, será ainda mais com a sua linguagem escrita.
Assim também deve agir quando escreve. A única diferença é que você não tem à sua frente o destinatário da sua mensagem, não pode perceber de imediato se ele está ou não compreendendo o que você diz. Logo, o que você precisa na hora de escrever é construir seu texto de tal maneira que quem o leia possa compreender com facilidade o que você quis transmitir. E é claro que, se você é uma pessoa cuidadosa com a sua linguagem oral, será ainda mais com a sua linguagem escrita.
Se você também pensa assim, é claro que deve ficar ansioso toda vez que precisa escrever um texto. Porque um texto escrito é, antes de tudo, algo que aperfeiçoamos com o tempo. Melhor ainda: o texto é algo que não deveria nunca ser visto como algo pronto, definitivamente acabado. Um texto é algo que está sempre em construção. Tanto que, ainda quando atende a todas as normas de formato e escrita, pode ser objeto de críticas e avaliações, como ocorre, muitas vezes, com trabalhos de conclusão de curso e até mesmo com livros de autores consagrados.
Portanto, se tiver que escrever um texto, comece a agir com naturalidade. O primeiro passo é sentar e começar a escrever. Melhor ainda se você puder começar a escrevê-lo com antecedência. Assim vai poder aprimorá-lo a cada dia, deixando-o, aos poucos, do jeito que você quer.
Se você começar a escrever para uma pessoa amiga, simulando uma interlocução, bem mais rápido do que imagina terá colocado no papel as idéias com fluência, interligadas umas às outras num texto coeso e coerente. Aí, então, bastará fazer as adequações necessárias para a finalidade a que de fato seu texto se destina.
Bem mais cedo do que imagina, você terá muita coisa escrita e – o que é melhor – terá desenvolvido o hábito de escrever com naturalidade. Você vai gostar tanto da experiência que é possível até querer criar um blog (um diário virtual) para registrar as impressões sobre os fatos que mais chamaram sua atenção, compartilhando-as com outras pessoas.
Felizmente há muita gente escrevendo, compartilhando idéias e pontos de vista. Provavelmente essas pessoas que escrevem também passaram pelo mesmo processo de escrever que você passou na escola ou que está passando agora. É provável também que muitas pessoas tenham vivido um processo tão prazeroso de escrever que resolveram fazer deste prazer sua profissão. Estão aí os escritores, os publicitários, os jornalistas dando seu exemplo. E eles constituem uma boa fonte para que aprendamos a escrever bem.
Um bom jeito para aproveitar o máximo de uma leitura, além de registrar as informações, é observar a forma como o autor escreveu, procurando detectar as partes que compõem o texto e o modo como foram construídas as frases da introdução, do desenvolvimento e da conclusão.
Características gerais do texto.
9. Familiarize-se com o texto. Toda comunicação, oral ou escrita, se dá em forma de texto. As conversas, os diálogos, as apresentações em público, o relato da visita a um lugar interessante, o comentário de um filme, o bate-papo com os amigos são todos exemplos de textos, porque são unidades de comunicação coerentes, desenvolvidas em torno de um assunto, têm uma seqüência, uma organização, uma intencionalidade, apresentam um significado para os interlocutores num determinado contexto ou numa determinada situação.
Sempre que você lê um texto, mesmo que não se dê conta, está em contato com algumas características básicas muito importantes para a sua organização, dentre elas, a situacionalidade ou contextualidade; a intencionalidade; a informação; a coerência e a coesão.
Verificar, principalmente, se um texto situa o leitor, se traz informações pertinentes, se tem coerência e coesão é muito importante para que ele seja aceito por diferentes leitores.
Ainda que você acredite que quem vai ler o seu texto tenha um bom conhecimento sobre o assunto, não deixe de escrever algumas linhas iniciais para familiarizá-lo. E mais: não pule etapas, pensando que vai dizer o óbvio, que isso o leitor já sabe. Pense sempre que o leitor não pode nunca adivinhar o que você está pensando. Ele só pode entender seu texto a partir do que foi escrito.
Quando estiver escrevendo, pense se vale a pena explicitar suas intenções logo no início ou deixar que o leitor as descubra pouco a pouco, à medida que for lendo o seu texto... Mas não se esqueça de que a opção por manifestar ou simular sua intenção vai depender do objetivo do texto, da sua finalidade e do seu destinatário.
12. Seja claro ao apresentar informações. Uma das principais funções dos textos, sem dúvida alguma, é informar. Ainda quando você recebe informações pelo rádio, ou pela televisão, elas chegam até você em forma de textos. Por isso, se elas não forem atuais, precisas e verdadeiras, os veículos de comunicação podem perder credibilidade e audiência. Isso também vale para quem escreve.
Ao transmitir informações a respeito de um assunto que conhece bem, você pode escrever o texto diretamente, sem fazer nenhum tipo de consulta. Contudo, quando se trata de algo de que não tem pleno conhecimento, você deve recorrer à pesquisa, consultar fontes que apresentem os diversos aspectos que o tema envolve e transmiti-los com clareza.
Ao transmitir informações a respeito de um assunto que conhece bem, você pode escrever o texto diretamente, sem fazer nenhum tipo de consulta. Contudo, quando se trata de algo de que não tem pleno conhecimento, você deve recorrer à pesquisa, consultar fontes que apresentem os diversos aspectos que o tema envolve e transmiti-los com clareza.
Quando bem usados, especialmente de forma explícita, trechos e citações de autores conhecidos podem dar um maior peso a suas palavras, se precisar, por exemplo, defender um determinado ponto de vista em torno de um tema polêmico. Por isso é sempre bom anotar frases que você leu e chamaram sua atenção, para poder recorrer a elas quando julgar conveniente. Mas lembre-se sempre de citar os nomes de seus autores.
14. Seja coerente. Uma das qualidades imprescindíveis para se ter um bom texto é a coerência. As idéias precisam estar todas muito bem relacionadas, do início ao fim. Só assim você pode garantir que ele terá um bom sentido e será bem-aceito pelos leitores. Por isso esteja sempre atento a tudo o que você escreve, releia várias vezes o seu texto, até mesmo em voz alta, para checar se está sendo coerente ao expor suas idéias, se não está caindo em contradição em nenhum momento.
15. Ligue bem as idéias. Além de apresentar coerência, um texto tem que apresentar coesão, ou seja, todas as partes precisam estar muito bem interligadas. Para estabelecer a relação entre as palavras, escolha preposições que transmitam exatamente o que você quer dizer. Se você escrever: Acabou de ler o relatório, passará a idéia de término, conclusão, mas se escrever: Acabou por ler o relatório, passará a idéia de ter sido levado a ler.
Você também pode recorrer aos pronomes, por exemplo, para relacionar duas frases: Henrique chegará mais tarde. Ele precisou ir ao médico . Ou, ainda, ligá-las com uma conjunção: Henrique chegará mais tarde porque precisou ir ao médico. Já para ligar um parágrafo ao outro, dependendo da idéia que pretende transmitir, você pode utilizar: por isso , em vista do exposto ; porque , por causa disso , por esse motivo ; contudo , porém , entretanto ; quando , logo que , assim que ; conseqüentemente, portanto , assim , logo etc.
Você também pode recorrer aos pronomes, por exemplo, para relacionar duas frases: Henrique chegará mais tarde. Ele precisou ir ao médico . Ou, ainda, ligá-las com uma conjunção: Henrique chegará mais tarde porque precisou ir ao médico. Já para ligar um parágrafo ao outro, dependendo da idéia que pretende transmitir, você pode utilizar: por isso , em vista do exposto ; porque , por causa disso , por esse motivo ; contudo , porém , entretanto ; quando , logo que , assim que ; conseqüentemente, portanto , assim , logo etc.
E também aqui a leitura em voz alta ajuda a perceber se as idéias estão bem interligadas.
16. Faça com que seu texto seja sempre bem aceito. Você não precisa ter o domínio de todas as técnicas de escrever para que seu texto tenha boa aceitação de seus leitores, mas sem dúvida precisará estar atento para que ele transmita de forma coerente, coesa e clara a sua mensagem, além, é claro, de estar atento a algumas regras gramaticais.
A construção do texto
17. Comece por um bom planejamento. Todo texto exige planejamento. Antes de começar a redigir, registre, por frases ou tópicos, as idéias que tem a respeito do assunto. A seguir, delimite o tema. Pense no objetivo de seu texto: qual a finalidade? O que pretende informar? É provável que esteja escrevendo em função de um determinado problema. Anuncie-o. Delimitado o assunto, traçado o objetivo e enunciado o problema, planeje a contextualização, para situar o leitor em relação ao que vai tratar. Tudo o que você preparou até aqui pode ser colocado no item introdução . Prosseguindo, selecione entre todas as idéias que você inicialmente registrou as informações que podem atender a seus objetivos e dar conta do problema formulado. Reveja-as: são suficientes? Algumas podem ser eliminadas? Haveria outras a acrescentar? Coloque-as em forma de tópicos no item desenvolvimento . Finalmente, em função de tudo que planejou, pense nas frases que constituirão a conclusão.
19. Observe bem as partes de seu texto. Além de todas as características já mencionadas, convém lembrar que o texto é uma unidade temática constituída de introdução, desenvolvimento e conclusão , ainda quando estas partes não vêm nomeadas. Para atingir plenamente seus objetivos e ser bem-aceito por quem o lê, as três partes devem estar intimamente relacionadas e articuladas em função do tema proposto. Na introdução você deve expor sucintamente o tema, os objetivos, a idéia geral do texto e, algumas vezes, o modo (a metodologia) de tratar o assunto. O desenvolvimento é a parte em que as idéias apresentadas genericamente na introdução são desenvolvidas, ou seja, onde você, de fato, faz a explanação do tema, do motivo ou da idéia sugerida inicialmente, só que agora com detalhes, fatos, exemplos, estatísticas, testemunhos e outros aspectos pertinentes. Para a conclusão , você construirá frases que indicam o término, o desfecho do texto.
20. Dê especial atenção aos parágrafos de seu texto. Se você construir bons parágrafos, com certeza construirá bons textos. Um bom jeito é iniciar o parágrafo pela idéia principal. Por exemplo: A população ainda sente insegurança quando se lembra dos acontecimentos que pararam a cidade de São Paulo em maio. Depois desenvolverá esta idéia principal com outras relacionadas ao que você está expondo, terminando-o com uma frase conclusiva formada por palavras que transmitem idéia de encerramento: assim , portanto , por isso , desta forma ou outras semelhantes. Qualquer que seja o modo como você inicia o parágrafo, é preciso desenvolvê-lo dando conta do que foi proposto na introdução, cuidando sempre para que uma frase dê continuidade a outra, para que a idéia principal seja bem explanada. Também é bom evitar parágrafos muito longos, pois podem tornar a leitura cansativa.
21. Articule bem as partes e os parágrafos. O texto todo é uma unidade de sentido em que as partes devem estar bem articuladas. E isso você pode conseguir utilizando algumas expressões que permitem a transição de uma idéia principal a outra, quer seja para os parágrafos do desenvolvimento, quer seja para os parágrafos da conclusão: dessa forma , em razão do exposto , em se tratando deste mesmo assunto , a seguir , a propósito , além disso , aliás , por outro lado , porém , mas , conseqüentemente , por fim , portanto , em síntese , resumindo ...
Qualidades gerais do texto.
Qualidades gerais do texto.
Um bom jeito de verificar se seu texto será bem aceito é deixá-lo guardado uns dois dias e depois lê-lo em voz alta. Você mesmo avaliará se a linguagem é adequada ou não. Considere ainda que todo texto polêmico deveria permanecer descansando pelo menos uma noite antes de ser enviado a seu destinatário.
23. Observe se a linguagem está adequada à situação. Assim como a linguagem oral, a linguagem escrita admite variações em função do destinatário, do ambiente e da finalidade do texto. A redação do e-mail para os amigos não é a mesma do trabalho acadêmico; o texto jornalístico não tem o mesmo tom do informe publicitário; o manual de instrução não segue o padrão lingüístico do artigo científico; o tom da carta do diretor de banco para a namorada não é o mesmo da carta que envia para os clientes; o texto do aluno não traz as abreviações que utiliza com os amigos internautas; o bilhete que a mãe deixa para a filha é diferente do que escreve para os pais de alunos da escola onde é coordenadora.
Este é um detalhe que você deve observar quando escreve: utilizar uma linguagem mais descontraída nas situações informais; perseguir um estilo mais formal quando a situação assim o exigir.
Este é um detalhe que você deve observar quando escreve: utilizar uma linguagem mais descontraída nas situações informais; perseguir um estilo mais formal quando a situação assim o exigir.
24. Por fim, preocupe-se com a correção gramatical. Como o que escrevemos revela quem somos – é uma forma de o leitor compor uma imagem a nosso respeito – torna-se muito importante observarmos algumas normas gramaticais para que a mensagem seja bem aceita por todos. Isso não significa que elas ditarão o que devemos ou não devemos escrever, que limitarão nossa expressividade, mas sim que ajudarão a melhorar a qualidade de nossa redação.
Por isso, antes de enviar seu texto ao destinatário, leia-o atentamente. As palavras foram bem utilizadas? A pontuação está correta, não está dando margem a ambigüidades? Foram respeitadas as regras de regência, de concordância, de colocação pronominal? Não custa verificar em uma gramática os aspectos que ainda lhe causam dúvidas.
A propósito, não confie cegamente no corretor ortográfico e no corretor gramatical do seu computador. Ele vai apontar, por exemplo, que a grafia “insipiente” está correta. Mas se você escrever a seu chefe que, “apesar de insipiente, ele pode confiar no seu projeto”, vai correr um grande risco. Porque você estará passando a ele a idéia de algo insensato, feito sem cautela, de forma imprudente. Se realmente queria escrever que seu projeto está no começo, deveria escrever “incipiente”. Como você vê, a simples grafia, neste caso, faz uma grande diferença! Assim como escrever bem pode fazer uma grande diferença na sua vida pessoal e profissional.
Por isso, antes de enviar seu texto ao destinatário, leia-o atentamente. As palavras foram bem utilizadas? A pontuação está correta, não está dando margem a ambigüidades? Foram respeitadas as regras de regência, de concordância, de colocação pronominal? Não custa verificar em uma gramática os aspectos que ainda lhe causam dúvidas.
A propósito, não confie cegamente no corretor ortográfico e no corretor gramatical do seu computador. Ele vai apontar, por exemplo, que a grafia “insipiente” está correta. Mas se você escrever a seu chefe que, “apesar de insipiente, ele pode confiar no seu projeto”, vai correr um grande risco. Porque você estará passando a ele a idéia de algo insensato, feito sem cautela, de forma imprudente. Se realmente queria escrever que seu projeto está no começo, deveria escrever “incipiente”. Como você vê, a simples grafia, neste caso, faz uma grande diferença! Assim como escrever bem pode fazer uma grande diferença na sua vida pessoal e profissional.
* Edna Maria Barian Perrotti é doutora em Lingüística Aplicada , professora de leitura e redação em cursos de graduação e pós-graduação, consultora em língua portuguesa e autora do livro Superdicas para escrever bem diferentes tipos de texto (Editora Saraiva).
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